terça-feira, 5 de janeiro de 2016

#SouQuemEuQueroSer


Hey, como vão? A campanha Sou Quem Eu Quero Ser tomou proporções absurdas depois do ultimo post, recebi tantos relatos que fui obrigada a selecionar alguns para estar aqui, pretendo colocar todos, mas esperem um pouquinho. Voltando a falar da campanha, ela ficou tão grande que saiu nos principais jornais da cidade e ganhou vários formadores de opiniões como adeptos. Infelizmente ainda temos pessoas retrógradas que apoiam o preconceito, mas o intuito da campanha, além de mostrar todos os tipos de preconceito, é incentivar pessoas a serem elas mesmas sem se preocupar com pessoas ridículas como essas que vieram me atacar. Mais um sinal de que a campanha esta crescendo a cada dia é esse segundo post, com mais relatos e mais motivação para todos, vem comigo conhecer novas pessoas. 

Essa semana conheci o Raul, ele tentou mandar o 
relato dele para o outro post, mas recebi tantos depoimentos 
que não consegui colocar o dele.

Minha infância não foi uma das melhores, com 10 anos eu vendia roupa usada na rua para tentar ajudar a minha mãe a comprar comida para pimpolhada de casa, tenho 3 irmãos menores, e naquele tempo, meu jeito meio “boiolinha” era evidente! Todos notavam, e sim, muitos criticavam e falavam “Raul vira homem! ” O tempo foi passando e acabei decidindo, que eu não poderia me entregar, comecei a fazer as coisas mais absurdas possíveis, para não gostar de homem, e sim, tudo na minha vida começou a ser forçado.... Comecei a andar mais com garotos, jogar futebol, mas no fundo eu estava louco para falar sobre moda e maquiagem kkkk, mas sim, eu escondia tudo isso.....pois todos me julgavam e me mandavam virar HOMEM. Raul virou homem, não tinha mais “manias femininas”, curtia sozinho minha moda, meus pops e tudo o que um hétero não faz segundo os padrões da sociedade, ou seja, eu não era eu, eu era um hétero.
E no decorrer dessa vida, eu ouvia de tudo, e sofria calado, as pessoas falavam “Que nojo, se eu visse um gay na minha frente eu mandava matar”, ou “Esses viados só estão no mundo para levar na bunda” coisas que me matavam por dentro, mas que eu não falava nada, pois fingia ter a mesma opinião perante esses meus “amigos”. O preconceito, era indireto! Mas a dois anos atrás eu resolvi dar um basta…para que aguentar tudo isso? Para que ficar calado? Decidi então, aceitar quem eu realmente era e me assumir perante todos... 
Hoje sou um cara de opinião própria, ninguém me manipula, ninguém manda no que eu penso ou deixo de pensar, me tornei uma pessoa mais calma, mais amiga, e provei para muitos que sim, um gay também pode ser amigo de um hétero! Um Gay é um ser humano como qualquer outro!
Por isso eu digo "Só tem preconceito, quem ainda não conhece."
Quando eu estava nessa de esconder, parei pensei, e resolvi mudar, acho que é um momento da pessoa se abrir com alguém, não recuar quando sofrer alguma calunia, se aceitar como ela é, acho que sexualidade é algo sério, você não pode mentir para si mesmo, converse com pessoas que pensam como você, se afaste de quem te faz mal, e seja quem você quer ser, queiram ou não.
Falei com a Dekstuin inbox, ela me pediu para eu não 
revelar teu verdadeiro nome e achei razoável perante a gravidade da situação, 
ela sofreu com Bullying e com ofensas de seu próprio pai.

Tudo começou quando eu fiquei mocinha, sabe a idade que começa a menstruar e que as espinhas começam a aparecer? então. Meu inferno começou aí. Eu era uma criança ativa, extrovertida, brincalhona, mas não de muitos amigos, da primeira até a quarta serie eu brincava sozinha por estudar em colégio particular mas não ser filha de rico ou doutor, isso não me incomodava tanto. Quando as espinhas apareceram tudo piorou muito, me exilavam ainda mais e eu me sentia um monstro. Me chamavam de coisas horríveis e absurdas, as crianças são más quando querem. Passei anos escondendo-me de mim mesma, com quilos de maquiagem, photoshop e nunca me aceitando. Não saia sem maquiagem pra nada, nem pra ir na padaria, mas a pior coisa que ouvi foi de alguém próximo a mim ( meu pai na verdade) em um restaurante com meu boletim nas mãos "Você tem que estudar, porque com essa sua cara nem puta você vai ser porque ninguém vai querer te comer" Isso me arrebenta até hoje. Nunca foi fácil ter a pele acneica, nunca. Sofri muito e já tentei me matar, sim, absurdo isso né. Tinha medo do meu namorado me ver de biquíni ou sem maquiagem por causas das espinhas nas costas e rosto. Namorei quatro anos e ele me fez me sentir mais bonita cada dia que passava, talvez ele nem saiba o bem que me fez. Já ouvi muita coisa ruim sobre meu rosto que hoje é todo marcado, mas acredito que sejam marcas da vitória que eu travei comigo mesma e com uma sociedade imunda que me da nojo. Eu ainda não me aceito por completo, me pego as vezes pensando em como seria se eu fosse outra pessoa e muitas vezes me sinto inferior á alguém, mas hoje sou muito melhor do que antes, afinal eu tenho que ser melhor pra mim, POR MIM mesma. A sociedade que se lasque, eu tenho que me amar.
SE AME! Ninguém é perfeito e uma pele pode ser mudada, tratada. O caráter não. Apaixone-se por você todos os dias e pense nas coisas incríveis que você já fez, saiba que o mundo não é bonzinho e sempre terá alguém pra criticar. O melhor exemplo disso é Jesus, que mesmo sendo quem foi não agradou a todos. 

Falei com a Ellen também, que mostrou como as crianças a 
tratavam na escola, não consegui conversar mais com ela, 
mas escolhi o depoimento dela pois mesmo após tantas coisas 
ela se aceitou e esta contente com ela mesma.

Quando completei 8 anos, saí de uma escola que amava muito! Todavia, a nova escola que me estava reservada trouxe diversas surpresas desagradáveis. Nunca sofri tanto bullying como sofri lá. Mangavam da minha cor - pois sou realmente pálida. Do meu cabelo indeciso na época. Da minha magreza aparente. E por fim, do meu modo de vestir. As "brincadeiras" não eram nada levinhas. Algumas meninas até me ameaçavam me jogar de uma rampa bem alta que tinha próximo a quadra do colégio. Para muitos isso pode parecer coisa de criança. Contudo, só Deus sabe o quanto sofri naquele lugar. Eu era uma criança e nada daquilo era brincadeira, mas sim desrespeito. Por tentar encarar as coisas em uma boa, contava pouquíssima coisa a minha mãe, talvez também por medo. Meus materiais escolares sempre sumiam da bolsa, e nos corredores eu era motivo de piada por não participar de algumas brincadeiras maldosas e não ter condições financeiras de ter lindas bonecas. Apelidavam-me. Empurravam-me. Levantavam falso testemunho contra mim e levavam-me a direção. Eu não tinha nenhum amigo. Era sozinha, e às vezes conversava com outra colega que passava pelo mesmo que eu. 
Não estou taxando-me de santa. Eu só queria ter sido aceita, ser amiga de alguém naquele lugar como fora amiga de tantos no outro. Por 15 anos fui filha única, e naquela época eu tinha amor de sobra - e tenho até hoje - para dar. Carreguei feridas dos 3 anos que permanece lá durante um bom tempo. Hoje só restam cicatrizes, e a certeza que serei sempre a mesma onde estiver, com ou sem aceitação de quem quer que seja. Não poderia ser mais feliz em ser quem sou. Pálida sim. Magra sim. Com cabelos continuamente indecisos sim. E essencialmente grata por cada dia seguinte que me fez ver quem eu realmente eu sou, não o que falam de mim.
A Martinha, como todos os outros nordestinos sofrem com o Xenofobismo, 
ela me contou coisas que aconteceram com ela, e também fez um 
texto incrível no blog Borboleta Rabiscada que vale muito a pena ler.



Desde sempre eu soube o quão preconceituoso o povo do Sudeste e Sul podia ser com nordestinos, óbvio que não todos. Porém, muitos são naturalmente. Sempre fiquei revoltada com as coisas que saiam no Twitter, gente dizendo que odiava nordestino como aquela garota que tweetou "faça o Brasil melhor, afogue um nordestino", mas eu nunca tinha passado na pele. Até chegar as eleições desse ano, Dilma ganhar e culparem o Nordeste por isso. Uma enxurrada de comentários nojentos, fotos de um Brasil separado inundaram o 
Instagram, eu sai comentando todas. Pedindo respeito. Inclusive, numa foto de uma blogueira famosa que postou indignada com as eleições. A foto dela em si não era xenófoba, mas os comentários do pessoal nela sim. Então eu pedi pra que parassem, parassem de chamar meu povo de burro, cabeção, sujos, cegos e entre outras coisas.. Qual a reação da blogueira? Dizer que não, não tinha preconceito nenhum nos comentários e as pessoas começaram a me apelidas com "só podia ser Paraíba", até a blogueira me bloquear e eu não ver mais nada do que aconteceu. Mas não desanimem, o Brasil é um país lindo por ter diversidade, por ter essa cultura linda. Somos sortudos por isso.
O ultimo relato de hoje é o da Luana, o dela era para 
ter saído no post passado, mas como ela ficou doente e não pode 
me enviar eu resolvi colocar entre esses.

Algumas pessoas (tolas, diga-se de passagem) costumam julgar outros por sua aparência com base nos padrões de beleza impostos pela mídia e pela sociedade. Comigo não fizeram diferente. Desde muito nova eu sou magra e por isso, já recebi vários apelidos de mal gosto. É engraçado como muitos dizem que mulher precisa mesmo ser magra, ter o tal "corpo de modelo" mas mais engraçado ainda é que mesmo eu, com esse corpo, o qual possuo até hoje, ouvi frases do tipo "você é muito magra, mulher tem que ter onde pegar, tem que ter corpão". A moral da história? Você nunca será boa o suficiente para a sociedade. Porque eu disse sociedade? Porque você é linda e perfeita do jeito que é para as pessoas que te amam. E porque deve se amar assim também. 
Durante muito tempo eu ligava pro fato dos meus seios não serem grandes como o de outras garotas, por ter pernas finas ou "não ter onde pegar" e as pessoas faziam questão de reforçar isso. As pessoas não mudaram. Elas ainda pensam e às vezes até falam isso de mim. Quem mudou fui eu. Eu resolvi me aceitar como sou e não digo me conformar com ser "magrela" mas acreditar que eu sou realmente linda, com minhas qualidades e defeitos. É uma sensação maravilhosa poder usar um short sem ter que se preocupar se vão achar minhas pernas "muito finas" ou usar uma regata sem me preocupar com o que vão pensar do tamanho dos meus seios. Porque agora eu posso dizer sem dúvidas que amo meu corpo do jeito que ele é porque eu me aceito assim e me amo assim!
Por hoje são só esses pessoas <3 Eu tenho muitos relatos lá na no meu e-mail, porem ainda vou estar selecionando pois muitos foram anônimos e eu preciso checar a veracidade, mas podem ficar tranquilos que eu vou entrar em contato para o seu relato não ficar de fora ta ok?
Eu queria agradecer pelo apoio da galera que compartilhou a campanha, da galera que se entregou de corpo e alma. Principalmente para os donos desses relatos, que abriram o coração para falar dos preconceitos que sofreram. Eu agradeço muito vocês por fazer essa campanha acontecer <3

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4 comentários:

  1. Quando um post fica tão bom que você não tem palavras para comentar. Imagina só, eu, a menina que é viciada em escrever, sem palavras. Isso quer o quê? Que ele está perfeito. Parabéns, Bia! Obrigada <3

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    1. Awww, Obrigada você sua linda <3 <3 Fiquei toda besta aqui já :3 Beijos

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  2. Parabéns pelo post! Ficou bom muito mesmo, os relatos nos fazem refletir bastante, é o tipo de post que deveria ter mais por aí, pois nos impõem pensar em questões que merecem realmente nossa atenção!
    Beijoos :*
    http://www.coisasdarah.com

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  3. Muito bacana essa campanha, adorei!
    Parabéns pela iniciativa e é incrível ver a superação de cada um deles diante das situações que viveram.
    Muito sucesso lindona!

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